Reformas Administrativas no Brasil
Ao longo da história, o Brasil passou por diversas reformas administrativas que buscaram ajustar o papel e o funcionamento do Estado às necessidades de cada época. Essas reformas representam marcos na transformação da administração pública, tanto na sua estrutura quanto em seus valores e práticas de gestão.
1) Reforma de 1936 – Era Vargas
Considerada a primeira grande modernização do Estado brasileiro, a reforma de 1936 criou o DASP (Departamento Administrativo do Serviço Público). Inspirada nos princípios da burocracia weberiana, teve como objetivo combater o patrimonialismo e profissionalizar o funcionalismo público.
Essa reforma introduziu o concurso público como forma de ingresso, estabeleceu carreiras e buscou racionalizar a estrutura estatal, marcando a transição do modelo patrimonialista para o burocrático.
2) Reforma de 1967 – Regime Militar
Promovida pelo Decreto-Lei nº 200/1967, no governo Castello Branco, essa reforma representou uma tentativa de descentralizar e tornar mais eficiente a administração pública federal. O decreto criou as categorias de administração direta e indireta (autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações), conferindo maior autonomia às entidades executoras.
Apesar de seu viés autoritário, foi uma reforma técnica importante, pois introduziu a gestão por resultados e reforçou a noção de planejamento e coordenação administrativa.
3) Reforma de 1995 – Governo FHC
Conhecida como a Reforma Gerencial do Estado, foi conduzida por Luiz Carlos Bresser-Pereira no contexto da Nova Gestão Pública (NGP). Seu foco foi tornar o Estado mais eficiente, reduzir custos e aumentar a qualidade dos serviços prestados ao cidadão.
- Implantação da gestão por resultados e contratos de desempenho;
- Criação de organizações sociais e agências executivas e reguladoras;
- Fortalecimento da transparência e da responsabilização dos gestores públicos;
- Maior participação do cidadão e estímulo ao controle social.
Essa reforma marcou a transição da administração burocrática para o modelo gerencial, que busca conciliar eficiência com legitimidade democrática.
4) Reforma Administrativa Contemporânea
Nos últimos anos, o debate sobre uma nova reforma administrativa tem se intensificado. As propostas atuais defendem a modernização do serviço público por meio da digitalização, da gestão por competências e da valorização do desempenho, mantendo, contudo, os princípios constitucionais que asseguram a impessoalidade e o interesse público.
Reformas Administrativas x Abordagens x Fases da Administração Pública
| Período / Reforma | Abordagem Teórica Predominante | Fase da Administração Pública | Características Principais |
|---|---|---|---|
| Até 1930 (Período pré-reforma) |
Abordagem Clássica Ênfase na estrutura e hierarquia rígida. |
Fase Patrimonialista |
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| Reforma de 1936 (Era Vargas – Criação do DASP) |
Abordagem Burocrática Inspirada em Max Weber. |
Fase Burocrática |
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| Reforma de 1967 (Decreto-Lei nº 200 – Regime Militar) |
Transição: Burocrática → Sistêmica Início da visão de integração e eficiência. |
Fase Burocrática (em transição) |
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| Reforma de 1995 (Governo FHC – Reforma Gerencial) |
Abordagem Sistêmica e Gerencial Ênfase na integração e nos resultados. |
Fase Gerencial |
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| Reformas Contemporâneas (Pós-2010) |
Abordagem Sistêmica e Digital Ênfase em governança e inovação pública. |
Fase Gerencial (Governança Pública) |
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Análise Integrada
Observa-se que as reformas administrativas acompanham a evolução das abordagens teóricas da administração e das fases históricas do Estado brasileiro. O país passou de um modelo patrimonialista e centralizado, marcado por relações pessoais, para uma administração burocrática baseada em regras e mérito, e finalmente para uma gestão pública gerencial e sistêmica, que busca equilibrar eficiência, transparência e participação social. As reformas mais recentes tendem à governança digital, integrando tecnologia, desempenho e ética na administração pública.
